terça-feira, 29 de novembro de 2011

DITADURA DA BELEZA

Antes de iniciarmos a discussão sobre o tema o corpo na contemporaneidade, faz-se necessário levantar algumas definições sobre o que seja belo. Segundo o dicionário Aurélio (2000), belo é o que tem forma perfeita e proporções harmônicas; o que é agradável aos sentidos; elevado, sublime; bom, generoso; aprazível, sereno e próspero e feliz.
O conceito de belo, apresentado pelo dicionário, justifica a associação que fazemos quando falamos do “belo”. Geralmente o associamos ao “bom” e este por sua vez, a algo que nos agrada. Partindo deste pressuposto, aquilo que nos é agradável seria, portanto, desejado por todos nós. No entanto esquecemos que o “belo” continuará a sê-lo, mesmo que não nos pertença.
Outro ponto importante a ser considerado antes de iniciarmos a discussão é que apesar de muitos especialistas (sociólogos, antropólogos, psicólogos) já incluírem o público masculino como novos atores da ditadura da beleza, trataremos de uma perspectiva voltada para o público feminino.
Nesse contexto, incentivadas principalmente pelas revistas, TV e cinema, a mulher aos poucos assumiu um duplo papel frente à sociedade: o de modelo identificador, do lado feminino e o de objeto de desejo do lado masculino e para atender a este modelo busca incessantemente por um padrão de beleza baseado em um tipo físico ideal (cabelo, altura, corpo, etc.), ou seja, a mulher é escrava da perfeição.
Os estudos revelam que cerca de 600 milhões de mulheres sentem-se escravas dessa masmorra psíquica. É a maior tirania de todos os tempos e uma das mais devastadoras da saúde psíquica o padrão inatingível de beleza amplamente difundido na TV, nas revistas, no cinema, nos desfiles e nos comerciais. Tal tirania penetrou no inconsciente coletivo das pessoas e as aprisionou no único lugar em que não é admissível ser prisioneiro: dentro de si mesmo.
Sociólogos da contemporaneidade afirmam que vivemos uma paranóia coletiva. Os homens controlaram e feriram as mulheres em quase todas as sociedades. Conforme suas análises, considerados o sexo forte, os homens são na verdade seres frágeis, pois, só os frágeis controlam e agridem os outros. São também vítimas dessa ditadura como crianças e adolescentes. Com vergonha de sua imagem, angustiados, consomem cada vez mais pro­dutos em busca de fagulhas superficiais de prazer. A cada segundo destrói-se a infância de uma criança no mundo e assassinam os sonhos de um adolescente.
A atualidade do tema é indiscutível dada a possibilidade do leitor de se identificar com os personagens e sua luta por uma vida mais plena, em que cada pessoa se sinta livre para ser o que é sem se envergonhar de sua aparência e sem se comparar a ninguém, ou seja, o respeito às individualidades e diferenças.
A preocupação exagerada com a aparência pode gerar não somente alterações comportamentais em direção a esta procura pela aparência ideal, como também alguns distúrbios eventualmente percebidos como ansiedade, depressão, anorexia, bulimia, entre outros. Esse pensamento “o corpo como centro da vida” faz com que as pessoas pensem que um corpo sem rugas, sem estrias, com um tamanho ideal de quadril, seios e peso sob medida, seja o padrão ideal de beleza e a felicidade só seja possível a partir do momento que o atingimos.

POR EUDES CAMPOMIZZI, MARCELA FERNANDES E MARCELA SANTIAGO

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