terça-feira, 27 de agosto de 2013

Carnes expostas: o corpo cru e despido

por Douglas Gomes, Gabriel Campbell e Lara Pechir

Inspirado pela relação direta e sem intermediações entre corpo e roupa, Ronaldo Fraga em sua coleção de verão 2002, apresenta o corpo humano em sua forma mais literal: desvestido e descarnado. Ou melhor, vestido pela sua própria imagem.

Em mais um desfile-performance do estilista mineiro, modelos de carne e osso foram substituídas por bonecos vestidos que circulavam na passarela pendurados num carrossel, um verdadeiro “antidesfile” segundo caracterizou a mídia na época. O clima de açougue de carne humana apresentava-se não só na cenografia, mas desde o convite do desfile (uma bandeja de isopor com uma foto de um filé mignon), passando pelas estampas de carne moída crua, pele humana e seios, tudo isso culminando numa reflexão onde o corpo abandona sua veste e se apresenta como própria indumentária.

Manequins "caminhando" por  roldanas
Expondo sua sensibilidade em dialogar sobre o ser humano e seu posicionamento no mundo, o estilista traduz em um dos mais tradicionais espetáculos da moda a insegurança do “eu” em relação ao todo, refletindo de certa forma o sentimento mundial pós-atentados terroristas aos Estados Unidos, o famoso dia “11 de setembro”, que impactou relações entre nações e transformou posicionamentos que refletiram em vidas ao redor do planeta. E como todo momento de insegurança gerado pela guerra, a verve criativa se manifesta. Os cortes nos tecidos, representando fissuras na pele que expõe o vermelho-sangue comum a todo humano, nos remete a igualdade. As nervuras e costuras expostas nos tecidos remetem a nervos, ao sentimento que se manifesta fisicamente.

"Corpo em movimento"
Em busca de saber qual tipo de opinião a coleção desperta em mulheres de diversas faixas etárias, mesmo após 11 anos do lançamento da coleção, nossas entrevistadas demonstraram identificação com o tema e apreço pelo trabalho do estilista. Marina Morgan, 23, graduanda em Jornalismo, quando perguntada sobre o que achou das peças, afirma que Ronaldo Fraga tem uma sensibilidade que o destaca dos demais estilistas, pois “essas roupas são mais 'comuns' ao modo de vestir dos brasileiros” e disse que além de ter gostado das peças em geral, incluiria perfeitamente em seu guarda roupa. “Os tons 'crus' são diferentes e sóbrios, que é uma coisa que muito me agrada.” Para Alice Calzolari, 21, estudante e customizadora de roupas, além de afirmar que usaria as peças, diz que “as estampas não ficaram 'nojentas', mostraram partes do corpo de um ângulo completamente usável e interessante.” Ela aponta que a representação da coleção sobre o corpo foi “algo inovador, diferente. Nada grotesco, como pensamos ao ouvir o que foi usado para tal.”, conclui.

Roupa representando o corpo
Anna Paula, 24, fotógrafa, interpreta a proposta como ousada, não sendo objeto de composição da sua forma de se vestir. Segundo ela, a coleção lhe causa estranhamento e a fez refletir sobre o uso de pele de animais na moda. “A ideia que veio em mente quando vi as peças não foi a melhor. Tudo bem que as partes do corpo foram expostas em imagens, mas me fez pensar nas peças feitas com couro de animais (entre outros materiais).”, explica. Anna Paula aprofunda sua reflexão, direcionando sua análise ao futuro do mercado da moda. “Ao olhar as peças eu me questionei: 'assim como os animais, vamos ser usados pra isso? Começou com imagens, mas será que fica só nisso ou vão ousar mais?", questiona a fotografa.

Fernanda Tropia, 40, empresária, vê as peças ainda como contemporâneas e esse caráter as torna “completamente acessíveis ao uso no dia a dia”. Segundo ela, a discussão levantada pelo estilista, pelo qual admira a forma com que lida com questões polêmicas em suas coleções, lhe fez “refletir a real necessidade de modelos magérrimas em desfiles, além da necessidade de entender que somos todos iguais (todos temos vísceras, peito, bunda)”.

Questionamento de padrões
Reforçando essa igualdade representada, o último bloco do desfile, ao som de um tradicional e dramático tango argentino, a estrutura cenográfica travou. Roldanas não iam nem pra trás, nem pra frente. Instantes de silêncio. Então surgem camareiras, costureiras, produtores e demais membros da equipe da marca que entraram em cena para conduzir os bonecos, manualmente. Foi como um recado não-proposital, da roupa para o corpo, reafirmando a interdependência indissociável entre um e outro. O corpo que leva a roupa e a roupa que representa o corpo. Seja na passarela de uma semana de moda, na cabeça de um estilista, na interpretação de consumidoras e admiradoras, Ronaldo Fraga mais uma vez, brilhantemente, conseguiu por meio da linguagem de moda, questionar padrões. Ainda que isso seja um paradigma da própria existência desse universo, do qual ele é mais um ator.



domingo, 25 de agosto de 2013

O estilista celebridade

Ana Elisa de Siqueira Santos
                  
Loja Marc Jacobs Beauty em Nova York.
O estilista norte-americano Marc Jacobs descobriu uma nova paixão no campo da moda: a Marc Jacobs Beauty. Em agosto lançou em parceria com a Sephora uma coleção de maquiagens. Jacobs ficou tão envolvido com o mundo da beleza que resolveu investir em uma loja totalmente dedica ao assunto. O cuidado com a aparência não é tema recente na vida do estilista pop. Há algum tempo Marc Jacobs exibia um visual bem diferente da imagem de cinquentão sarado e moderno que conhecemos.
À esquerda Marcs Jacobs em 2004, a direita Marc em
 uma praia carioca neste ano. 
         Em 2004, ele usava roupas largas, cabelos compridos, óculos e uma barriguinha saliente. Após um tratamento de reabilitação em 2007, Jacobs decidiu ter uma vida mais saudável. Depois disso passou a exibir sua excelente forma física e as famosas tatuagens que já foram parar no desenho americano South Park, com o personagem Muscle Man Marc. Em entrevista, Marc revelou ter gostado da brincadeira. “Foi o ápice da minha vida até o momento”. O personagem acabou eternizado em mais uma de suas tatuagens.
         Porém Marc é mais que um “rostinho bonito”, ele é talentoso. Aos 24 anos, um ano após o lançamento da primeira coleção para sua própria marca, tornou-se o estilista mais jovem a ganhar o Council of Fashion Designers of America Perry Ellis para novos talentos.Além deste, conquistou mais sete prêmios do CFDA ao longo dos anos.
Marc formou-se pela Escola de Arte e Estilo de Nova Iorque em 1981. Desde então mantém sua grife homônina. Desde 1996 também é diretor criativo da Louis Vuitton. Durante esse período, uma das características mais marcantes efetuadas por ele foi o uso de colaborações com outros artistas, como Stephen Sprouse, Takashi Murakami e Yayoi Kusama.
         Em 1996 apresentou a primeira coleção masculina da marca. Em 2001 lançou a grife Marc by Marc Jacobs, uma linha de roupas e acessórios com preços mais acessíveis. Já em 2007, desenvolveu uma linha completa para crianças, a Little Marc Jacobs. Em 2013 criou o design de um trio de latinhas para celebrar os 30 anos da Coca-Cola.
A vida amorosa de Jacobs é bem agitada. Dentre vários romances parece ter encontrado um companheiro, o atual namorado brasileiro, Harry Louis. Eles se conheceram através de um amigo em comum em Londres. Dizem ter sido amor a primeira vista. Jacobs já namorou outros brasileiros, ele  se considera um admirador da cultura e do povo brasileiro. “Minha experiência com as pessoas que conheci no Brasil é ótima”, afirma o estilista.




quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Flávio Ernani da Costa

Estrelas.  Bob Esponja. Sapo verde. Cachorros. Não, não é um desenho animado, tampouco um filme infantil. Tatuagens. Fragmentos de uma personalidade excêntrica – adjetivo que não é o mais pertinente, mas que caracteriza o estilista Marc Jacobs. Talvez, uma das muitas tatuagens que ele tem espalhadas pelo corpo e que mais o define seja a palavra Shameless, que em português significa “sem vergonha”. Não tem vergonha de usar saias.
Em festas, bailes ou no dia a dia, lá esta ele, usando kilts ou saias. Nada muito acima do joelho. Mini saias, jamais – pelo menos, nunca foi visto usando-as. Afinal, Jacobs já não é mais um garotinho para usar meias três quartos e esperar o ônibus da escola, sozinho.

O jovem senhor, de 50 anos, gosta mesmo é de cultivar o físico. Com o visual despojado e um corpo malhado, de dar inveja em qualquer rapaz de vinte e poucos anos, Jacobs chama a atenção para si. E sem vergonha de ser feliz, é polêmico, ao assumir o namoro com Harry Louis, um ex-ator de filmes pornográficos.

- Mas, afinal, o que ele faz?

Bem, depois de ganhar, em 1987, o prêmio do CFDA Perry Ellis, para novos talentos (The Council of Fashion Designers of America ), e isto aos 24 anos, sendo o estilista mais jovem a conquistar o título, Jacobs ganhou o concurso mais sete vezes. Diretor criativo da Louis Vuitton, desde 1996, ele inovou a tradicional grife ao utilizar a colaboração de outros estilistas. Também possui uma empresa no segmento de moda e que leva o nome Marc Jacobs. Na lista de poucos designers que customizaram as latinhas de Coca-Cola, ele criou três versões para estampar o produto e celebrar os 30 anos da marca.

Nascido em Nova Iorque, graduou-se na Escola de Arte e Estilo da metrópole nova-iorquina. Jacobs teve apoio de Anna Wintour, editora-chefe da Vogue, quando foi demitido da Perry Ellis. Mas, agora, segue a vida com bastante intensidade. Ora em sites de celebridades, aos beijos e carícias com o namorado; e em outros momentos com as saias. Quem sabe não percebemos que ele continua sendo mesmo é um garotinho.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Mariana tem preguiça de acordar

Por Fernanda Belo, Isadora Lira e Maria Fernanda Pulici

A cidade sai de pijama nos dias frios. Vestindo a preguiça, habitantes preferem o frio repentino ao calor diário. Os alunos do ICSA possuem preguiça similar à cidade e também aproveitam o frio para recuperar os moletons levemente mofados. Ao meio dia, o Instituto de Ciências Sociais Aplicadas cai da cama. Empurrado por estudantes com fome, começa a espreguiçar e fazer barulho. Em alegoria à obra prima de Aloísio de Azevedo, nosso cortiço transita vivo, mas com GAP’s, UFOP’s, Authentic’s, Long Island, bolinhas de pelo e dedos cobertos. A exigência principal é o conforto. Fora isso, a desatenção, o “descombinamento” e o desespero foram marcas que a instituição, involuntariamente, provocou. Faltas de preocupação atingem grandes níveis, onde o excesso passa a ser motivo de chacota. Não temos mães por perto, ditamos nossas próprias regras. O pijama continua aceito, pois se dorme. Em casa ou na aula.


sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Miyake: o japonês que revolucionou o ocidente

Por Débora Simões e Maysa Alves

No mundo fashion inovar é palavra de ordem, e quando isso é feito com maestria fica para sempre na memória. Muitas vezes no futuro a criatividade se torna tendência e estilo, e o que passou sempre retorna com releituras diferentes. A missão parece impossível, criar algo eterno, porém alguns poucos conseguem. Issey Miyake, um artista que aprecia a cultura  do seu país, procura mesclá-la com o estilo ocidental.
O estilo e a técnica de Miyake o inseriu no mundo da moda, inicialmente,  por causa dos “plissados” e de seu estilo minimalista que foi associado à tendência "less is more". Além da moda propriamente dita, arquitetura, dança, literatura e tudo o que envolve arte e formas servem de inspirações para suas criações.
O “Vanguardista atemporal” coaduna antíteses em suas peças. Às vezes são antíteses temporais, como passado e futuro, outras são referentes às peculiaridades de materiais - que vão desde as fibras naturais até materiais de última tecnologia – e ainda podem ser como a audácia e o acessível ou o belo e o prático.
Nasceu em Hiroshima, Japão, em 1938 e presenciou o desfecho da 2º grande guerra, a bomba atômica que caiu na sua cidade natal. Issey sobreviveu para presenciar as consequências e depois de 3 anos sua mãe faleceu devido à exposição de radiação.
Peça da Coleção Pleats Please
Miyake estudou Design Gráfico na Universidade Tama Art, em Tóquio. Formou-se em 1964 e logo  depois se mudou para Paris, onde passou a estudar design de moda com mestres da moda como Guy Laroche e Givenchy. Em 1968 foi para Nova Iorque trabalhar com Geoffrey Beene, se inspirou na moda das ruas, das famosas gangues. O que mais chamou sua atenção foram as camisetas e combinação que os integrantes dessas gangues faziam com as roupas.
Em 1969 nasce a Issey Miyake Design Studio, sua própria marca. Em 1971, como se não bastasse inovação e a originalidade da nova coleção, a mesma teve direito a apresentação simultânea, em Tóquio e em Nova York. Foi um dos primeiros criadores japoneses a desfilar na Europa. Em seu primeiro desfile em Paris, em 1973, as modelos vestiam peças de tecidos japoneses com cortes ocidentais.

Em 1993, lançou sua coleção de maior sucesso, que atualmente muitos outros estilistas se espelham, a linha de roupas  Pleats Please - surpreendeu nas passarelas e se eternizou com  o lançamento do livro que leva o nome da coleção. Em 2012, Midori Kitamura e Issey transformam o trabalho do estilista em livro, publicado pela editora Taschen.
Capa do Livro Pleats Please

Yohji Yamamoto, o Mr. Black das passarelas


Por Nathália Souza

Considerado um mestre alfaiate, é muito premiado e influente no mundo da moda. Suas roupas são duráveis e mesclam estilo europeu com suas origens nipônicas. Yohji Yamamoto não se considera um costureiro, mas sim um estilista. Suas peças são despretensiosas e interpreta muito quem a veste. “Eu gostaria que as pessoas pudessem usar as minhas roupas por pelo menos 10 anos ou mais. É por isso que eu pedi a meus fabricantes um tecido muito forte e acabamento durável”, conta o estilista.

O luto da mãe pela morte de seu pai em combate na Segunda Guerra Mundial foi fonte de inspiração para a criação de suas peças em tom de preto. Antimoda declarado e criador de um conceito próprio, Yohji Yamamoto fundou, em 1972, sua própria companhia de moda, lançando a linha Y, para mulheres e em 1977, em Tóquio, lançará sua primeira prêt-à-porter. Meu trabalho é motivado pelo ódio contra o sistema da moda”, afirma o estilista.

Seu trabalho é aclamado e criticado por muitos. Em sua estreia em Paris, suas roupas mais simples impressionaram quem as viu. E, mesmo a crítica tentando desmoralizá-lo, Yohji se manteve firme com uma legião de seguidores o apoiando. “Depois de meu primeiro desfile em Paris, em 1981, os compradores foram correndo pra minha loja e a destruíram, tamanha era a fúria para comprar as minhas roupas. Eu fiquei chocado. Não tinha ideia de que podia ser assim”, destacou Yamamoto em entrevista à Vogue.

Como toda empresa, a marca Yamamoto sofreu com problemas financeiros, o que levou o estilista a reestruturá-la nos anos de 2009/2010. No entanto, isso não impediu Yohji de continuar sendo um ícone da moda. Em seu último desfile em Paris este ano, as silhuetas amplas, assimetria e transparências estiveram presentes em sua coleção. Tecidos leves e cores fortes como rosa e roxo dividiram a passarela com o preto vivo das peças de Yamamoto, que lançou sua própria magia negra na estação.

Vida e legado de Christian Dior

Por Gisela Cardoso e Rosana Freitas

Com apenas 52 anos de idade e dez anos depois de fundar sua Maison, Christian Dior morreu precocemente em 23 de outubro de 1957 após sofrer um ataque cardíaco fulminante. Desde então, as criações da maison foram assinadas por nomes com Yves Saint Laurent, Philippe Guibourgué, Marc Bohan, Gianfranco Ferré e John Galliano. Atualmente a grife está sob os cuidados de Riccardo Tisci.

Considerado um dos estilistas mais influentes nas décadas de 40 e 50, o francês Christian Dior nasceu em Granville, em 1905, na burguesa família de um produtor de fertilizantes. Apesar de seu grande interesse pelas artes, especialmente pelo desenho, estudou Relações Internacionais, por influência de seu pai. Após terminar o curso, gastou seu tempo viajando pela Europa, até que, em 1927, abriu uma galeria de artes, em sociedade com o amigo Jacques Bonjean.

Após se recuperar de uma grave doença, Dior precisou descobrir um meio para se sustentar, já que sua família passava por problemas financeiros. Então, a partir de 1935, começou a vender croquis de moda para jornais e casas de alta costura parisienses durante alguns anos. Seu primeiro emprego como estilista foi para Robert Piguet, em 1938, com quem trabalhou por um ano até ser recrutado pelo exército para lutar na Segunda Guerra Mundial, onde atual como soldado do corpo de engenheiros.

Em 1942, deixou o exército e, em 1946, com a ajuda de um magnata da indústria têxtil, inaugurou sua própria maison. No dia 12 de fevereiro de 1947, lançou sua primeira coleção chamada “Carolle Line”.

New Look

Contendo inúmeras variações e novidades para época, a coleção se tornou um sucesso imediato, principalmente pelos ombros arredondados, cinturas acentuadas, saias rodadas, vestidos suntuosos, fartos, com cintura bem fininha e ombros à mostra. O modelo que se tornou o símbolo do “New Look” foi o tailleur Bar, um casaquinho de seda bege acinturado, ombros naturais e ampla saia preta plissada, que vinha quase até a altura dos tornozelos. Os sapatos de salto alto, os chapéus de aba larga, as luvas e as bijuterias finas complementavam os vestidos feitos com até quarenta metros de tecido, em vez dos oito metros normalmente utilizados durante o racionamento. Com essa imagem de glamour, estava definido o padrão dos anos 50.

O estilista conseguiu mudar o conceito de praticidade e simplicidade das roupas femininas, até então uma necessidade dos tempos de guerra e uma tendência da moda criada por Chanel. Após alguns anos de reclusão, a mulher pós-guerra queria se sentir novamente feminina e estava ansiosa em recuperar a elegância verdadeira. O estilista criou modelos extremamente femininos, luxuosos, sofisticados e elegantes, inspirados na moda da segunda metade do século 19.

Em 1947, foi lançado seu primeiro perfume: Miss Dior. Nos anos seguintes, continuou revolucionando o mundo da moda com suas criações, dentre elas a coleção "H" voltada para a noite; a "A" com sua forma triangular acentuada por vestidos e casacos que se abriam a partir da linha do busto; e a "Y", caracterizada por suas enormes golas em "V".

Galgando o sucesso, através de muito trabalho


 Logomarca célebre,
conhecida no mundo inteiro
Bruna Fontes


Produzida artesanalmente, em uma pequena oficina na França, em meados de 1854, malas e bolsas eram reinventadas, ganhando formas e padrões de desenho que se diferenciavam, se comparado ao que havia na época. Foi na segunda metade do século XIX que surgiu a marca Louis Vuitton, ganhando o nome do seu fabricante. 
 
A saga da tradicional marca francesa tem suas origens em uma pequena aldeia remota na região de Jura, próximo à fronteira com a Suíça. Louis Vuitton nasceu em 1821 nos seios de uma família pobre de moleiros e carpinteiros. Aos 14 anos, decidiu percorrer o trajeto de 400 km à pé, tendo em vista a tão sonhada Paris. Foi lá que aprendeu atividades manuais em marcenaria e, posteriormente, passou a trabalhar como aprendiz de fabricante de baús de viagem, usados pela alta sociedade. Seu desejo maior era aliar beleza e praticidade às malas que construía e conseguindo esta proeza, garantiu o pioneirismo na época. Seu caminho de sucesso começou a ser traçado no momento em que a imperatriz  Eugênia, esposa de Napoleão III, requisitou os seus serviços. A partir daí, sua sorte mudou e o jovem começou a colher os frutos de tanto trabalho e pesquisa.
Gaston Vuitto, neto de Louis Vuitton,
continuou os negócios da família
Após abrir a oficina, a primeira grande sacada de Vuitton foi criar um tecido altamente resistente e revestido (uma lona encerada impermeável, criando assim o conceito de malas “a prova d’água”), que iria substituir o couro. Um golpe de gênio: utilizar um material menos restritivo do que a pele natural e com melhor cheiro, já que as malas de couro da época eram famosas pelo forte odor. Além disso, ele revestiu os cantos dos baús com ponteiras de metal, tornando-os mais resistentes. E mesmo depois de aberta a oficina, ele ainda produzia por encomenda produtos exclusivos e únicos para os abastados da época. Criou as primeiras malles plates, um novo formato de baú que facilitava a arrumação nos porões dos navios e o empilhamento nos trens, e o revestiu com sua assinatura em cinza.


Louis Vuitton usou do seu apuro artesanal como principal ferramenta, que cativou muitos ricos e nobres da época. Com o crescimento da empresa e a divulgação da marca ao redor do mundo, Georges Vuitton, filho de Louis, uniu-se ao pai a partir de 1870, para a abertura de novas lojas fora de seu país de origem, que aconteceria somente quinze anos depois. Georges Vuitton herdou o poder criativo do pai e continuou a inovação da marca ao criar, em 1888, como forma de boicotar as imitações, uma nova impressão batizada de Damier (que remete a um tabuleiro de jogo de damas) em marrom e bege trazendo a inscrição “marque L. Vuitton déposée”, ou seja, marca registrada Louis Vuitton. Também marcante foram os tradicionais monogramas das letras LV, granulados e nas cores marrom e bege, juntamente com símbolos que reproduziam flores. Rapidamente, os baús e malas com monogramas da marca caracterizavam as pessoas ricas e de bom gosto nas viagens de trens e navios. E, depois, nas primeiras classes dos aviões.

As três gerações: Louis, Georges e Gaston Vuitton, com os trabalhadores da oficina em 1888.

Atualmente, a marca controla de perto os 14 ateliês e todas as lojas da marca no mundo. Não existem franquias e nem revendedores. O grau de perfeição exigido é alto e os detalhes são fundamentais no mercado do luxo, assim como o DNA da marca, que se define como o bom e velho artesanato francês.

Fonte: mundodasmarcas.blogspot.com

Christian Dior e suas peças “chocantes”

 Por Caroline Gomes e Viviane Ferreira

Inspirado e encantado pelas roseiras da mãe, Madeleine, Christian Dior começa a criar seus modelos florais e orientais, com o intuito de “embelezar as mulheres”, se tornando mais tarde um dos principais estilistas do mundo. Nascido na cidade de Granville, balneário conhecido como a Mônaco do norte da França, em 1905,  foi o criador do modelo “New Look”, um tailleur Bar, composto por um casaquinho de seda bege acinturado, ombros naturais e ampla saia preta prissada, que vinha quase até a altura dos tornozelos. Luvas, sapato de salto alto e chapéu completavam o figurino. 
Apesar do talento como estilista, Dior, pensava em seguir carreira diplomática. Após terminar o curso de ciências políticas, viajou bastante, conheceu toda a Europa, até quem em 1927, abriu uma galeria de artes em sociedade com o amigo Jacques Bonjean.
Em 1934, foi abatido por uma grave doença, e já não podia contar com o dinheiro da família que desde 1931, enfrentava problemas financeiros. Em 1935, passada a doença e mais disposto, começou a desenhar croquis para o famoso jornal parisiense Figaro Illustre. Com seu faro de inventor, Christian continuou a elaborar croquis de roupas e acessórios para várias maisons de Paris, até que, em 1938, ingressou de cabeça no mundo da alta costura ocupando o cargo de assistente do estilista suíço Robert Piguet.
Modelo "New look".

Com 41 anos de idade, conseguiu concretizar um sonho em 1946 com a fundação da The House of Dior, que teve a  ajuda financeira do então magnata e empresário dos tecidos, Marcel Boussac,  No ano seguinte, Dior lançou sua primeira coleção chamada “Carolle Line”. A coleção contava com a revolucionária saia na altura do tornozelo, que alcançou, de imediato, grande sucesso, já que apresentava inúmeras variações e inovações para a época.
O estilista conseguiu mudar o conceito de praticidade e simplicidade das roupas femininas, até então uma necessidade dos tempos de guerra e uma tendência da moda criada por Chanel. Para ele, “as peças eram feitas não somente para serem bonitas, mas também para chocar”. A essa altura, Christian já tinha uma casa de prêt-à-porter de luxo em Nova York, além de estar bem estabelecido para assinar contratos de licenças com empresas americanas.
Em 1954, ele apresentou a linha H: nada de busto e cintura apertada. Um ano mais tarde, inovou com a linha Y, mostrando um corpo longo, com a parte superior mais pesada, além de golas grandes que se abriam em forma de V. Com apenas 52 anos de idade e dez anos depois de fundar sua maison, Christian Dior morreu precocemente em 23 de outubro de 1957 após sofrer um ataque cardíaco fulminante. Deixou um verdadeiro império de luxo, com 28 ateliês e 1.200 empregados.
Para assumir a direção de criação da grife, após sua morte, foi escolhido o então jovem e talentoso Yves Saint-Laurent. Em 1962, Saint-Laurent resolveu abrir sua própria maison, e em seu lugar assumiu Marc Bohan, um estilista francês mais experiente. A partir de 1989, o italiano Gianfranco Ferré, em uma clara tentativa de renovação da maison, foi escolhido como o novo nome da marca DIOR.
Em 1997, o inglês John Galliano era o designer da grife e responsável pela criação das coleções de alta costura e prêt-à-porter feminino. Recentemente, no início de março de 2011, depois de ser suspenso de suas atividades após ter sido detido em Paris, acusado de insultos antissemitas, o estilista foi demitido pela marca francesa. E nos dias de hoje, quem comanda a Maison é o italiano Riccardo Tisci.

A marca no Brasil

            A marca Dior chegou ao Brasil em 1999, sua loja é situada no metro quadrado mais sofisticado de São Paulo, trazendo toda a elegância e ostentação que são a assinatura da marca Dior. A boutique é uma das mais modernas do mundo, sendo que o luxo está presente por todos os lados. Os móveis, carpetes e até mesmo o piso são todos importados, vindo de países como Turquia, Itália e Tailândia. Uma das curiosidades é que o sofá e as poltronas pertenceram a Luis XV, da França.
A marca Dior chega ao Brasil em 1999
Em 2010, seguindo a tendência internacional que vem ganhando destaque no cenário econômico mundial, e visando maiores crescimentos no país, a filial brasileira fez um empreendimento audacioso, apostando em espaços de belezas personalizados, onde os clientes desfrutam da luxuosa experiência com os produtos da marca. Batizados de Dior Cosmotic Counter, estes espaços únicos de beleza proporcionam prazer em todos os sentidos, provocando o desejo de sentir os produtos e deixar-se levar pelo encanto. O Dior Cosmotic faz parte da estratégia mundial da marca para manter uma comunicação única em qualquer perfumaria ou loja de departamento de luxo do mundo.
A marca tem toda sua linha de cosméticos desenvolvida no Dior Science Observatory, um centro de inovação localizado em Paris, onde aproximadamente 200 pesquisadores criam produtos com texturas surpreendentes, sistemas de hidratação únicos da pele e formulações revolucionárias.

O Autêntico Marc Jacobs


Por Fernanda Belo e Isadora Lira

Cinquenta anos de atividades polêmicas e dedicação ao mundo da moda


O consagrado estilista norte-americano Marc Jacobs, graduado pela Escola de Arte e Estilo de Nova Iorque, em 1981, tem como características em sua vida e obra a polêmica e a irreverência. Além da sua própria grife, Marc também é diretor criativo da Louis Vuitton – cargo ocupante desde 1996. Recentemente abriu, em parceria com a Sephora, uma linha de maquiagem, a Marc Jacobs Beauty.

A fama em alta proporção foi alcançada quando Jacobs usou a passarela para representar o “grunge”, inspirado também nas roupas de bandas como Nirvana e Soundgarden, tendo Courtney Love como musa. Essa coleção é vista hoje como um marco da moda dos anos 90, mas na época a Perry Ellis chegou a demitir o estilista, que trabalhava como diretor criativo da grife há quatro anos.
Nascido no dia 9 de abril de 1963 em Nova Iorque, este ano, Marc completou 50 anos. Em 1987, com apenas 24, Jacobs foi o mais jovem estilista a ganhar o prêmio CFDA Perry Ellis, para novos talentos, do Conselho de Designers de Moda da América (Council of Fashion Designers of America). O prêmio foi somente o primeiro de outros sete conquistados pelo estilista.

Jacobs é conhecido por não seguir as tendências universais da moda de cada estação. No seu closet percebem-se roupas do tipo saias, camisas sociais e até vestidos. Investe no retrô, mas sempre com um toque divertido e atual.

Para se curar de problemas devido ao álcool e às drogas em excesso, foi internado no ano de 2007, em uma clínica de reabilitação. Hoje exibe um corpo malhado e tatuado com ícones de cultura pop como o Bob Esponja, M&Ms e estrelinhas. Chama a atenção também com suas vestimentas de praia: sungas e calças irreverentes; como exibiu na Praia de Ipanema no Rio de Janeiro, com seu atual namorado, o brasileiro e ex-ator de filmes pornográficos gays, Harry Louis.

“Para ser insubstituível, deve-se sempre ser diferente”


Coco Chanel

por Laíz Diniz e Paloma Ávila



A célebre poltrona em que ela aparece com olhar distante é
seu retrato preferido, e foi fotografado por Horst, em 1937.

Cardigã, jérsei, sapatos sem salto, vestido preto de crepe com mangas justas e compridas, sapatos bicolor, jaquetas, tailleurs, golas marinheiro, saias plissadas, bolsas matelassê com correntes douradas, pérolas e o famoso perfume, Nº5. Estas são a marca registrada do estilo Chanel. Muito a frente de seu tempo, e de si mesma, ela misturou o guarda-roupa masculino com saias mais curtas, em oposição ao rígido estilo feminino de sua epóca. 

Personalidade forte, veraz e impactante. Essas são algumas das características principais da estilista francesa Gabrielle Bonheur Chanel. Nascida em 19 de agosto de 1883, no interior da França, cresceu na vila de Saumur, em uma família pobre. Perdeu a mãe (que era costureira) quando ainda era uma criança e foi criada determinado tempo pelo pai, Albert Chanel, junto com mais quatro irmãos. Após alguns anos, ele a mandou para um pensionato da cidade francesa de Auvergne, onde permaneceu até o fim da adolescência. Insaciada pela vida de cidadezinha pequena, Chanel buscou novos caminhos para depositar sua ambição. Por volta dos 22 anos, trabalhou como balconista em uma loja Moulins, vendendo meias e luvas e aprendendo a manejar uma agulha com perfeição. Mais tarde, virou cantora de um cabaré chamado Café Beuglant de la Rotonde, onde cantava a música “Qui qu’a vu Coco dans le trocadero?”, onde adotou o apelido Coco.

Berço da arte, cultura e contemporaneidade, Chanel espalhou pelo mundo o famoso “Little Black Dress”, o “Pretinho Básico”, no qual é ostentado até os dias de hoje e mulheres de todas as idades investem. Utilizado pela primeira vez em 1926, o modelo foi chamado pela revista Vogue como o “Ford dos vestidos” (uma alusão aos carros da marca americana que eram produzidos e vendidos em larga escala). Supreendendo a alta-costura, Chanel modificou padrões. Anteriormente, a utilização do preto era atribuída ao luto, e logo, se tornou uma cor inédita, considerada a marca do perfil da mulher moderna, capaz não só de demonstrar, mas ser uma profissional e parecer feminina e elegante em qualquer situação.

Chanel afirmava que a roupa deve se
adequar ao corpo, e não ao contrário.
                                           
Chanel utilizava de um tom sutil e detalhista em suas coleções. Ousava, além de tudo na classe e simplicidade do belo, fugindo dos costumes da Belle Epoque e da excessividade de ornamentos. O segredo de seu sucesso era simples: apenas desenhava roupas que gostava de vestir. Seus esboços eram criados em cima do tecido, no corpo da modelo. Isso porque era a roupa que deveria se adequar ao corpo, e não ao contrário, como gostava de dizer.

Durante a Segunda Guerra Mundial, os negócios de moda Chanel estavam em baixa, então Coco resolveu trabalhar como enfermeira. Foi quando conheceu e se envolveu com o oficial nazista Hans Gunther von Dincklage, o que lhe custou o exílio na Suíça. Em 1954 ela retornou a Paris e continuou seus negócios.

Os traços marcantes, masculinos e sofisticados faziam de Chanel
uma mulher elegante, feminista e à frente de sua época.
                                   
Em 1971, Gabrielle Chanel morreu aos 87 anos em seu apartamento Em Paris. Como muitos diziam e ouviam falar, sua vida era marcada por glamour e boatos. Sozinha, no quarto do sofisticado Hotel Ritz, onde viveu por aproximadamente 33 anos, a estilista teria dito a uma camareira que estava presente: “Vê? É assim que se morre. Sozinha, mas sempre chique”. Apesar dos poucos amigos que possuía, Chanel costumava ser muito solitária. 

Sua marca continuou sendo sucesso e delineadora de paradigmas na sociedade. No dia seguinte à sua morte, uma de suas coleções foi lançada alcançando enorme sucesso de crítica e público. Após 10 anos sem o sucesso alcançado por Coco Chanel, Karl Lagerfeld iniciou, em 1983, como estilista da marca. Ele se impõe como herdeiro da Chanel, respeitando seus ensinamentos e códigos. Em 1986, recebeu o dé d'Or, prêmio pela coleção de alta-costura mais criativa do ano. Em 1987 ele criou a relojoaria Chanel na avenida Montaigne. Foi o nascimento do relógio "Première". Em 1993, lançou, em homenagem à Coco, a linha "Chanel Joaillerie". Visionário, eclético e icônico, Karl foi certamente a chave-mestra para a contínua tendência atemporal e sofisticada da marca Coco Chanel.

Donatella Versace: a ousadia que ganhou o mundo





 Por Hiago Maia




Uma das estilistas mais influentes no mundo da moda em dimensões internacionais,Com a morte de Gianni, assassinado em Miami Beach em 1997, o nome de Donatella surgiu imediatamente para assumir o império Versace. Sua paixão pelo universo pop rapidamente conferiu à marca ares de contemporaneidade, tornando-se favorita de diversas celebridades como Madonna e Michael Jackson, e seus modelos são frequentemente vistos nos mais badalados red carpets e nos mais importantes eventos de moda ao redor do mundo.
Donatella Versace
Donatella Versace iniciou sua empreitada na empresa desenvolvida por seus irmãos Gianni e Santo. Dizer que o refinamento e o gosto voltado para a moda dos irmãos Versace vem do berço não soa como exagero. Sua mãe Francesca, possuia um ateliê de confecção, que foi onde Gianni deu seus primeiros passos no aprendizado do ofício e desenvolveu um trabalho amador até 1972, quando recebeu sua primeira encomenda, que era uma empresa chamada Florentine Flowers: deveria criar uma coleção, a ser produzida em Milão.
Nascida em 1955, na cidade italiana de Reggio Calabria, é filha de Antonio e Francesca Versace. Além de Gianni e Santo, Tina integra juntamente com Donatella, a parcela feminina do quarteto de filhos do casal. Apesar de diplomada em línguas, pela Universidade de Florença, Donatella não deu as costas ao talento herdado da mãe e compartilhado com o irmão.
Inicialmente era responsável pelas relações públicas e campanhas publicitárias da empresa. Junto a Gianni, Donatella contribuiu para difundir a marca Versace e torná-la bem vista por diversos tipos de públicos, principalmente pelos amantes das artes: o teatro, a dança e a música são temas bastante recorrentes nas peças integrantes do acervo Versace. Respondia também pela linha Versace Young e pelas coleções de acessórios da marca que leva o sobrenome da família. A parceria entre os irmãos era tão consistente e frutuosa, que Gianni não tomava uma decisão sequer sem consultar Donatella, que era a sua musa e braço direito.
Madonna,uma das clientes mais ilustres.


Se Gianni mostrava grande apreço pela ópera, Donatella demonstra sua ousadia e arrojo enveredando-se pelos caminhos do rock, meio onde se destacou e ganhou notoriedade. Os traços da personalidade de Donatella se apresentam em suas peças em forma de sensualidade, e tudo o que remete a glamour, riqueza e ostentação.
Mostra-se bem firme para rebater as críticas feitas em relação às deformações plaśticas do seu corpo, causadas por excesso de processos cirúrgicos e estéticos, algo que é totalmente irrelevante diante do que Donatella representa para a indústria da moda. A personalidade por sinal, é uma das características mais marcantes daquela que é considerada como o alter ego do estilista. “Não gosto de me rodear de pessoas que dizem 'sim' a tudo. Acredito no facto da criatividade nascer do conflito de ideias”, pontua a estilista.

A irreverência de Vivienne Westwood

Marília Ferreira




Ela é irreverente. Desde a época da escola customizava suas roupas e, por isso, não é de se estranhar que Vivienne Westwood está há mais de 40 anos atuando no mercado da moda. A estilista sempre deixa sua opinião e gosto bem claros em seus trabalhos, de forma que suas coleções têm sempre resultados inusitados. Ela é atenta aos acontecimentos do mundo e assim nunca perde sua identidade.
    Vivienne cursou moda por um breve período na Faculdade de Arte de Harrow e ela mesma acreditava não caber no mundo da arte. O casamento com Malcolm McLaren junto à inspiração no rock dos anos 50, levou a estilista britânica a fundar sua primeira loja, inicialmente chamada Let it Rock, que mais tarde tornou-se a conhecida Sex. Vivienne influenciou o visual da banda Sex Pistols, assim ficando conhecida como “estilista punk”. Logo após, suas criações passaram a ser direcionadas ao público marginalizado das periferias de Londres.
    O trabalho de Vivienne sempre chamou atenção pelo seu tom polêmico. Em 1987, fez a primeira coleção masculina, carregada de erotismo. Nos anos seguintes a polêmica ainda prevalecia, como no desfile em que as modelos ficavam com os bumbuns expostos na passarela. A jovem, que não acreditava ser da arte, tornava-se um dos mais importantes ícones do mundo da moda – já esteve entre os seis melhores estilistas do mundo no livro Chic Savages (1989), de John Fairchild.
    Enquanto protestava contra a establishment, a estilista não vivia de ilusões de imagem e beleza. Ela lamentava o caminho que a moda percorria – e percorre - cada vez mais para os desejos de marketing e não a inspiração dos criadores. Nos tempos de hoje, de rapidez e tecnologia, as ideias de Vivienne Westwood de cultivar sua arte no que é bom, e não apenas naquilo que é novo e moderno, seria uma grande forma de protestar os lugares da moda, assim como no filme Prêt-à-Porter, que teve inspiração no seu trabalho.
    O que sempre transpareceu em suas criações é a liberdade de expressão. Vivienne Westwood é inspiração. E foi quase num sem querer que ela se tornou tal referência, a “mãe da moda inglesa” ou a “mãe do punk”, nunca “quis inspirar ninguém”, confessa. Apesar de hoje ela estar aliada cada vez mais ao establishment, ela mesma ainda defende a inovação e liberdade em tempos tão massificados, onde as pessoas mais parecem estar uniformizadas do que vestidas como realmente desejam. "As pessoas estão frustradas com o excesso de consumismo e a falta de valores mais profundos", disse também em defesa aos protestos no Brasil.