terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Flávio de Carvalho na Bienal de arte de São Paulo

Na 29ª Bienal de Arte de São Paulo, que acontece no pavilhão do parque do Ibirapuera (de 25 de Setembro a 12 De Dezembro), mostra-se uma realidade bem diferente da que foi verificado na bienal anterior. Ao invés do “vazio”, o visitante, esse ano, se depara com um pavilhão repleto de obras, em todos os seus andares.
Uma das grandes escolhas para essa bienal foi a exposição de trabalhos de Flávio de Carvalho (1899 – 1973), artista com formação extensa e uma quantidade enorme de trabalhos. Carvalho era engenheiro civil de formação, mas atuou em muitas áreas como arquitetura, artes plásticas, dramaturgia, moda, etc. Sobre essa última área em questão, Flávio de Carvalho apresentou trabalhos muito interessantes, como a série de artigos que escreveu para ser publicada no Diário de São Paulo e seu polêmico trabalho realizado em 1956, a Experiência n° 3. Nesta performance, o artista desfilou pelas ruas de São Paulo com o traje masculino de verão criado por ele, atitude que gerou um escândalo enorme, principalmente porque ele usava uma saia na ocasião.
Na bienal, o seu trabalho exposto mais impressionante é sua Série Trágica ou também intitulada Minha mãe morrendo, de 1947, composta por nove desenhos de grafite sobre papel. A série representa os momentos de agonia que antecedem uma morte não espontânea.  São registros feitos diretamente do leito de dona Ophelia Crissiuma de Carvalho, mãe do artista, e impressionam muito pela agonia e desespero que conseguem transmitir.  Os desenhos do artista acompanham o sofrimento da mãe, sendo os primeiros extremamente fortes, com uma quantidade enorme de linhas, demonstrando o ápice da dor. A medida em que a vida vai deixando o corpo de dona Ophelia, o desenho torna-se mais suave e as linhas vão diminuindo. A dor vai cessando e a agonia claramente diminui, acabando em um último desenho no qual existe um rosto mais sereno.
A Série Trágica foi exposta, pela primeira vez no MASP, no ano de 1948 e, como acontecia com a maior parte de trabalhos de Flávio de Carvalho, foi recebida com grande escândalo pela sociedade. Sessenta e dois anos depois dessa primeira exposição, a Série Trágica de Flávio de Carvalho volta a ser exposta, dessa vez na Bienal. A qualidade desses desenhos é impressionante e eles têm uma grande capacidade de emocionar o espectador.



Desenhos da série Minha mãe morrendo, de Flávio de Carvalho

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