terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Manipulação de imagens na fotografia de moda

A fotografia tem se mostrado, desde sua existência, um veículo de informação do vestuário bastante expressivo e funcional tecnicamente, sendo, até a atualidade, o principal meio de comunicação da moda.

Deixando de lado a simples representação e adquirindo, na contemporaneidade, uma abordagem extremamente elaborada quanto à produção envolvida, a fotografia de moda demonstra um crescente domínio sobre os meios técnicos e teóricos quanto à imagem, sua função, seu poder de significação e sua inserção nos meios de comunicação.

Tendo em vista todo o direcionamento pelo qual o suporte fotográfico fornece ao campo da moda uma infinita gama de possibilidades a serem exploradas na imagem, a fotografia de moda incorpora-se ao processo de criação de tal forma que a imagem pode prevalecer sobre o próprio objeto retratado, tornando-se o próprio produto para o receptor da mensagem.

Visando este importante e sólido papel na construção de informação da moda, o profissionalismo aplicado à execução da fotografia de moda, auxiliado pelos avanços técnicos e tecnológicos, desenvolveu-se a tal ponto que seja qual for a idéia e a intenção, é possível realizá-la.

É neste ponto que inicia-se uma discussão sobre os efeitos da irrealidade adquirida na imagem, irrealidade esta que não procura expressar um objetivo explícito de tal desprendimento para com a realidade. A maior parte desse questionamento sobre a manipulação da imagem, que vai muito além do uso de métodos cenográficos e de maquiagem e parte para a intervenção digital por meio de softwares editores de imagens, se concentra sobre a necessidade e sobre as conseqüências desta prática.

Devido ao poder da indústria da moda sobre o comportamento e os ideais de beleza e à recorrência desta manipulação sobre a grande quantidade de material fotográfico de moda produzido na publicidade, estas intervenções se mostram, por um lado, muito eficientes quanto às questões técnicas e, por outro, justamente ocasionado por esta excelência exacerbada na produção da imagem, extremamente falhas quanto à representação de um corpo humano saudável e passível de sua função de modelo.

Considerando o alcance do produto advindo destas imagens manipuladas, o diálogo sobre a construção de um conceito demasiado distante de uma possibilidade de concepção se torna público e abre muitas vertentes opinativas. Ao mesmo tempo que a liberdade de expressão ampliada pela tecnologia pode produzir resultados positivos e construtivos dentro da esfera cultural global, também está sujeita a equívocos consideráveis, não apenas em visíveis ocorrências de falhas nessas interferências digitais, como também no âmbito dos efeitos sobre o comportamento do leitor dessas informações.

As principais reflexões acerca destas imagens com a presença de interferências digitais incluem: os efeitos psicológicos produzidos em crianças, jovens e adultos consumidores dessas imagens, a descaracterização de pessoas quanto à aparência e idade pelas interferências nas ditas imperfeições, a formação de opinião com tendências comerciais sem uma preocupação prévia com a saúde dos consumidores, a exclusão de pessoas que não se enquadram nos padrões estabelecidos e a propaganda enganosa de diversos produtos direcionados ao corpo e à beleza.

A democracia nos meios de comunicação continua gerando discussões, e possivelmente este é o maior ganho quanto ao que gere as questões relativas aos processos de criação e publicação. Com a moda não seria diferente, visto que sua disposição se mostra mais uma vez como um processo intermitente, inacabado, evidenciando-se sobre seus erros e acertos, sobre seu contínuo movimento.




Por Bruna Pimenta, Priscila Mazzini e Rafael Magalhães

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