Centro Revisitado

Edifício Maleta se divide entre moradias e movimentos culturais
Fonte: Foto Divulgação

Prédios antigos do centro recebem novo movimento cultural

Por Amel Saadi, Julia de Assis e Mayara Leão

Lojas de roupas, bares descolados, escritórios de design e arquitetura, coletivos artísticos e culturais descobrem os espaços urbanos da região central de Belo Horizonte. Uma nova cena cultural acontece no centro da cidade em torno da Rua da Bahia. O escritório M3 Arquitetura localizado na avenida Álvares Cabral 344 é uma empresa de desenvolvimento de projetos voltada para diversos setores da construção civil. Fundada em 2002 a empresa estabeleceu-se ali através da sala herdada por um dos fundadores. Sem muita pretensão para escolha do lugar, hoje já são percebidas as facilidades que um bairro movimentado oferece.

Ulisses Moisés trabalha com artes visuais e acaba de abrir um escritório com três colegas na rua São Paulo. Ainda sem nome para o grupo e em processo de adaptação ao espaço, Ulisses aposta na escolha do local: “A região tem sido valorizada com a abertura de novos espaços culturais, como o SESC Palladium, a Fundação Inimá de Paula, o Instituto  Undió, e todo um novo complexo cultural de galerias e cafés no segundo andar do edifício Arcângelo Maletta. Além da praticidade de estar em um ponto estratégico da cidade e pelos serviços disponíveis nos arredores (bancos, correios, gráficas, comércios, etc.) ainda é possível encontrar um aluguel a preços bem razoáveis.” Sobre a interferência do barulho em excesso para a criação o artista afirma “Ficamos no décimo quinto andar onde escutamos a paisagem sonora do centro a decibéis tímidos, produzimos sempre escutando música e a poluição sonora não nos incomoda. Nesse sentido, a produção segue normalmente, não há muito impacto. Mas no aspecto prático, essa intensa movimentação nos favorece numa melhor logística e otimização dos encontros presenciais, considerando que estamos numa localização de passagem.”

O Edifício Maletta (Conjunto Arcangelo Maletta) é um edifício localizado no Centro de Belo Horizonte, no cruzamento entre a avenida Augusto de Lima e a Rua da Bahia. Foi construído sobre o Grande Hotel no ano de 1957 e é um dos mais históricos edifícios do centro de Belo Horizonte.  Os cafés e bares alternativos localizados na varanda do segundo andar começaram a atrair um público de vanguarda. As lojas inauguradas mais recentes são: Satisfeita, Yolanda? com roupas femininas e masculinas coloridas com toque retrô; e o espaço multidisciplinar Restaurante Popular, que além de escritório, irá oferecer workshops envolvendo arte, fotografia e design.  Bruno Oliveira, um dos integrantes do ‘restaurante’, conta que o nome surgiu do último negócio que ocupou a sala escolhida: um restaurante de fato. “Escolhemos por manter o nome para fazer uma referência ao antigo negócio e ao mesmo tempo sugerir a ideia de pluralidade, que estamos abertos para diversas propostas no campo da arte e do design”.  A flexibilidade e vontade de inovação são os pontos em comum desta nova geração que começa a descobrir o antigo centro de Belo Horizonte.