Influência da moda na valorização excessiva do corpo na sociedade contemporânea

por: Fernanda Guimarães, Camila Nacif e Amanda Grossi.

     Vivemos numa era de culto intenso ao corpo, onde algumas pessoas são capazes de tudo para tê-lo delineado e bronzeado, através dos desfiles influenciam-se meninas a quererem ser cada vez mais magras e “perfeitas”. Os centros estéticos,a cada dia que passa, criam mais e mais técnicas embelezadoras, aumentando assim sua clientela. As pessoas passam por verdadeiras sessões de tortura para se sentirem melhores. A preocupação com a aparência antes era apenas da mulher, agora os homem também passaram a se preocupar com isso. O aumento exorbitante de cirurgiões plásticos na medicina explica o retorno que o profissional tem. Mesmo se tratando de cirurgias de alto risco tem demanda para tudo. Com isso, a personalidade torna-se algo discutível, surgindo uma indagação: até onde tudo isso vai chegar?

     A estética é um ramo da filosofia que tem como objetivo o estudo dos fundamentos da arte, o julgamento e a percepção do que é considerado belo, a produção das emoções pelos fenômenos estéticos, bem como as diferentes formas de arte e do trabalho artístico. Por outro lado, a estética também pode ocupar-se da privação da beleza, ou seja, o que pode ser considerado feio, ou até mesmo ridículo. Na antiguidade, o belo, o bom e o verdadeiro formavam uma unidade com a obra. A essência do belo seria alcançada identificando-o com o bom, tendo em conta os valores morais. A estética assumiu características também do belo, que se esforçava para desvendar a fonte original de todas as belezas sensíveis. A filosofia da arte se tornou uma reflexão sobre os procedimentos técnicos elaborados pelo homem, e sobre as condições sociais que fazem um certo tipo de ação ser considerada artística. Com o passar do tempo,a estética torna-se  efêmera. É o corpo que entra em discussão.

     Para o modelo ditado pela moda, homens e mulheres experimentam de tudo. Horas e horas na academia na ânsia de resultados rápidos, muitas vezes passando por cima das orientações dos professores. Confunde-se muito estética com saúde, principalmente por conta do volume de propaganda de alimentos calóricos e pouco nutritivos ou produtos que prometem emagrecimento rápido ou milagre. A maioria das revistas destinadas à mulher faz uma verdadeira apologia à magreza inacessível para a maior parte da população. Além do mais, nem sempre o peso nominal da balança significa ser magro. Induzida pela propaganda, geralmente enganosa, muita gente adquire e faz uso de produtos suspeitos,colocando em risco a própria saúde. Qualquer dieta radical pode levar a uma perda de peso exagerada com perda também de massa magra, o que, decididamente, levando-se em conta a saúde, não é bom. Portanto, ser exageradamente magro pode ser tão ruim para a saúde quanto ser obeso. Uma boa parcela das pessoas vive preocupada com peso ideal determinado em tabelas diversas. Esse peso ideal cada um sabe qual é. Geralmente é o que a pessoa se sente bem independente se está ou não de acordo com a "suposta" moda. Muitas vezes estar um pouco mais gordinho, fisicamente ativo e sem problemas de saúde é melhor.

     Cresce a busca e a valorização de cuidados com a beleza física, envelhecimento da pele, saúde e bem-estar. Avanços tecnológicos na área também abrem outras frentes de trabalho como a nova geração de lasers que tem sido utilizada em estética com excelentes resultados. Cria-se um leque de tratamentos como limpeza de pele, hidratação, depilação, estética capilar, revitalização, peeling, drenagem linfática, maquiagem definitiva e bronzeamento artificial, massagens e terapias alternativas, como do-in, shiatsu, fitoterapia, cromoterapia e aromaterapia para promover a beleza e o bem-estar. É natural que a odontologia esteja preparada para atender aos anseios estéticos da população em geral. Técnicas restauradoras e protéticas mais modernas visam a recuperação do fator estético. O clareamento dental visa a recuperação da cor original dos dentes, perdida em algum momento durante a vida em decorrência de vários fatores. Serve também simplesmente para promover um branqueamento dos dentes originalmente mais escurecidos.

     Ultrapassando os limites na busca do corpo perfeito e comprando a idéia de que obter uma aparência de modelo é mais importante do que a manutenção da própria saúde, as pessoas buscam resultados imediatos, sem esforços, muitos recorrem indiscriminadamente a alternativas como equipamentos de ginástica passiva, aplicação de fosfatidilcolina (dissolução de gordura localizada, moderadores de apetite, entre outros métodos). Um dos principais problemas do uso indiscriminado de medicamentos é o risco de intoxicação,tendo com principal vítima as mulheres, principalmente por moderadores de apetite. Esse tipo de medicamento é visto como um dos últimos recursos a serem utilizados, exclusivamente para os casos de obesidade mórbida. Por serem compostos por complexos anfetamínicos, ansiolíticos, laxantes, diuréticos, entre outros, podem gerar dependência física e psíquica.

     O tratamento da obesidade é clinico. Baseia-se na reeducação global (nutricional, física e psicológica). Essa reeducação precisa ser mantida por toda a vida. O uso de medicamentos tem apenas valor coadjuvante pequeno e deve ser prescrito apenas por especialistas devido ao grande número de efeitos colaterais. O tratamento clinico só funciona bem até certo peso, quando o caso é de obesidade mórbida, é aconselhado a cirurgia bariátrica. A intenção dessa especialidade é emagrecer com saúde e evitar a reengorda futura. A cirurgia tem como meta dificultar a entrada de alimento no corpo, diminuir a fome em nível cerebral causando saciedade gástrica e dificultar a absorção de gorduras e carboidratos.

     Os distúrbios alimentares são responsáveis por maiores índices de mortalidade entre todos os tipos de transtornos mentais. A grande maioria daqueles que sofrem de transtornos alimentares são mulheres adolescentes e jovens. Uma das razões pelas quais mulheres dessa faixa etária são mais vulneráveis a esses transtornos é a tendência de fazerem regimes rigorosos para obterem a silhueta "ideal". A anorexia nervosa é uma disfunção, onde a pessoa desenvolve uma rejeição à comida, suas vítimas são quase sempre mulheres jovens, de 15 a 20 anos, excessivamente preocupadas com a aparência e mais sensíveis às influências dos padrões de beleza em vigor para firmar sua personalidade.  A bulimia nervosa surge em pessoas que ingerem grandes quantidades de alimentos e depois eliminam o excesso de calorias através de jejuns prolongados, vômitos auto-induzidos, laxantes, diuréticos ou na prática exagerada e obsessiva de exercícios físicos. O comer-compulsivo é um dos transtornos alimentares que se assemelha à bulimia, pois caracteriza-se por episódios de ingestão exagerada e compulsiva de alimentos e, no entanto, difere da bulimia, pois as pessoas afetadas não produzem a eliminação forçada dos alimentos ingeridos. Pessoas com esse transtorno sentem que perdem o controle quando comem. Ingerem grandes quantidades de alimentos e não param enquanto não se sentem "empanturradas". A ortorexia é uma distorção da idéia de que a comida natural é a melhor forma de alimentação. Só leva para casa produtos que considere 100% saudáveis, mesmo que o julgamento não tenha nenhum embasamento científico,com isso, para de comer carne vermelha e qualquer outro alimento que não seja natural. A vigorexia é a preocupação exacerbada em ter um corpo ideal, que leva à dependência da prática esportiva. É uma síndrome psiquiátrica em que a pessoa se enxerga menor do que realmente é. A vigoréxica está sempre insatisfeita com seus músculos e busca obsessivamente a perfeição.

     Na contemporaneidade tudo pode ser mutável. A cirurgia plástica é capaz de dar um bumbum durinho e bem desenhado, um tórax definido, um abdômen durinho, seios maiores, seios menores, mas, às vezes, não consegue dar a uma pessoa uma auto estima melhor.

     Dismorfofobia é uma doença caracterizada pela dificuldade em aceitar a própria imagem. A síndrome da distorção da imagem é um transtorno que altera a percepção corporal e pode se manifestar em indivíduos de ambos os sexos. Em grande parte dos casos, os pacientes recorrem às cirurgias plásticas para mudar seus traços em uma busca vã pela aceitação da auto-imagem. Tal distúrbio é provocado por problemas emocionais como baixa auto estima e deve ser tratado com acompanhamento psiquiátrico.
     Estrias, celulites, rugas e outras imperfeições farão parte da vida de todos os seres. É preciso raciocinar sobre os limites em relação à estética, procurar trabalhar corpo e mente juntos para que não exagere na dose na hora de escolher algum caminho para se ter uma aparência melhor.