Por Iago Rezende
Em cidades lentas, a modernização é gradual. Mariana é lugar que agrega o contemporâneo ao barroco e a atualidade resgata constantemente a
tradição. A vestimenta não se difere. Hospedeira de turistas e estudantes, a
volatilidade dificulta a compreensão das roupas.
Buscando sempre a praticidade, poucas roupas fazem o perfil
do boné bege que, desavisado do calor repentino, preocupa em não manchar a
camiseta branca com um sorvete de creme na Praça da Sé. De frente para a
Igreja, imagina o trajeto a ser feito com o Nike vermelho confortável e os
shorts youngsters de alguém que veio
de outro hemisfério.
Passam por ele jeans alternando cores e tecidos. Calças de
tons variados fazem fila para chegar ao banco enquanto uniformes azuis descem
apressados. A velocidade está
diretamente relacionada ao descaso.
Laranjas berrantes ocupam as ruas laterais. A cor serve pra
identificação e, por vezes, afastamento. O trabalho de recolher a embalagem do
picolé do desavisado não se prolongou e em poucos minutos, acabou. Retornam os
simples, sobem sandálias que visitam Havaianas e descem com bermudas desenhadas e camisas de marcas falsificadas.
Na praça desfilaram famintos, modernos e atrasados numa
terça-feira quente, considerando o inverno. Longe da alta costura, os objetos
aderidos relacionaram praticidade e conforto em uma esfera onde o julgamento
social tem outros preceitos. O manto da invisibilidade pode, por vezes, ser
básico e sem estampas. Porque destacar-se significa, também, perder tempo.
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