sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Quanta moda compreendo pelo senso comum


                                                           Por Ana Rafaela Silva, Gisela Cardoso e Thais Corrêa

Imagine você se deparando com homens e mulheres influenciados pela moda dos anos 1940, em clima de boemia e com manchas de batom pelos seus rostos. O que você acharia disso? Talvez pudessem ter tido uma boa noitada. O estilista brasileiro Ronaldo Fraga quis explorar a sensualidade brasileira, apresentando-a de outra forma, diferente de “praias do Rio de Janeiro, do Carnaval na Sapucaí, do futebol e da Amazônia” e focou sua coleção de inverno, de 2004, nas noites amorosas, que originou “Quantas noites não durmo – crônica para Lupicínio Rodrigues”. 
 

Ao som das músicas de “dor-de-cotovelo” de Lupicínio Rodrigues, a coleção trouxe o glamour decadente dos anos 1930 e 40 por meio de vestidos e saias evasê, calças risca-de-giz, blazers com grandes flores brocadas, gravatas desamarradas, algodão colorido da Paraíba, sapatos com brilho e estampas de Viagra, usando das cores da “pílula do amor”, azul e dourado.


Em uma pesquisa realizada na cidade de Mariana, Minas Gerais, as fotos do desfile foram mostradas para várias pessoas de ambos os sexos e diferentes idades. Primeiramente, as fotos foram expostas sem nenhuma explicação. Em seguida, o contexto e significado das imagens foram esclarecidos. A análise teve como fim observar a reação dos entrevistados em relação a este tipo de moda, de acordo com as suas opiniões do antes e depois da legenda. 
 
O comerciante Renato Andrade, 41, não aprovou o cabelo e a maquiagem, mas alegou que, hoje em dia, há mulheres que vestem roupas que lembram um pouco os detalhes dos bordados e decotes. Após a explicação da intenção do estilista, Renato afirmou que foi ousado em juntar todos os elementos para passar a ideia da noitada e do sexo.

Já a estudante Jéssica Silva, 18, à primeira vista e sem saber o contexto, achou que era apenas uma maquiagem borrada e roupas com características antigas. Após explicar a proposta do designer, ela entendeu do que se tratava a maquiagem, que remete a uma noite de amor, e as roupas com características antigas das décadas passadas.


Os relatos mencionados são alguns exemplos das opiniões obtidas pela pesquisa. Em suma, todos tiveram uma surpresa quando notaram a maquiagem borrada e cabelos desarrumados. Imediatamente, alguns chegaram à conclusão de que aquilo estava relacionado ao sexo. Em relação às roupas, alguns dos entrevistados reconheceram a influência do século passado, mas não tiveram total aprovação para o uso (principalmente os homens e mulheres jovens).


Assim que foi esclarecido o significado da coleção, houve opiniões diversas: algumas permaneceram intactas – de ambos os sexos e idades – e outras foram modificadas. Após a explicação, a coleção de Ronaldo Fraga ganhou mais sentido, e quem não tinha aprovado anteriormente, passou a concordar com a proposta do estilista. Alguns dos entrevistados, principalmente os homens e mulheres mais velhos, acharam extravagante o tema da coleção. Em relação ao vestuário, algumas mulheres jovens aprovaram e outras não, assim como os rapazes. 


Em primeira vista, a moda está sujeita aos critérios do senso comum, de acordo com as opiniões dos variados sexos, idades e até mesmo profissões. Para muitas pessoas, a moda se resume em apenas roupas usadas. Com isso, é preciso um olhar mais profundo, e também dotado de senso crítico, para que a mensagem por trás da moda seja compreendida, e os objetivos dos estilistas, como o Ronaldo Fraga, sejam, enfim, alcançados.

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