Marília Ferreira, Edmar Borges e Gabriel Campbell
Rua Direita, famosa, bonita, histórica, movimentada.
Mariana guarda muita história, Minas Gerais tem esse poder, assim,
cheio de pessoas tão diferentes. Engana-se quem pensa a imagem da
Direita homogênea. Pessoas indo e vindo num cenário que as cabe.
Não é bem assim! Se lançar um olhar raso talvez pareça tudo igual
e natural. Mas perceba: há algo que impera nas laterais da rua.
Verdadeiras senhoras de poder, pois ganham tanta atenção e
conseguem tantas olhadas sonhadoras. São elas, as vitrines da
Direita!
“Quanto custa? É Isso mesmo?”, pensa aquele que
passa calçando seus chinelos tortos que devem ter anos de idade. A
outra moça, toda bela e perfumada, analisa a saia na manequim. Deve
imaginar o quão bem ficaria nela, talvez para essa donzela a vitrine
signifique algo real.
Mas olhe bem, esses trabalhadores que passam não querem
prestar atenção nas vitrines luxuosas, no máximo espiam as lojas
mais brandas de luxo, essas que tem a porta aberta e logo se vê o
interior todo (aí existe outro contraste, as vitrines impecáveis
versus as simplórias,
só com balcão e uns sapatos à mostra). Nada de segredos
subterrâneos, estes homens comuns não têm o poder de descer as
escadas, entrar nas lojas subterrâneas e investir o salário todo
numa peça de roupa, bonitas sim, porém apenas sonho. Só lhes
restam ignorar as vitrines.
O reflexo do luxo é discreto, não se vê. “Eles têm
clientes?”, ironizam os estudantes que contam moedas enquanto
passeiam pela rua. O reflexo do luxo é a elegância das cores
amenas, combinadas ao brilho de umas joias ou as cores vibrantes dos
esmaltes. Mas, o reflexo do real é invertido. Aquele que passa na
rua, cidadão comum no seu mais duro sentido, não vive o brilho do
encantamento das roupas traduzido em presença no armário do quarto.
Não é defeito das vitrines serem tão belas, não é culpa dos
homens serem imagens destoantes delas. A vida da Direita é assim, e
por muito tempo ainda será.
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