Por Katiusca Alves Demetino, Pamela Moraes e Thaís Moreira
Uma
cidade de calafrios, sejam eles de frio ou de calor. Diversificar o visual em
Ouro Preto é regra fundamental no dia a dia. Todos nós que saímos de manhã para
executar nossas atividades diárias, nos abrigamos com o máximo de roupa que podemos,
aliás estamos no inverno. As janelas escorrem o sereno da madrugada, o ar que
sai da boca parece uma fumaça de cigarro. Trememos de frio, de sono, de
preguiça. Os acessórios mais necessários são as luvas, as toucas e os
cachecóis. Verde, rosa, amarelo, azul, vermelho, cores fortes são fundamentais
para absorver calor.
Depois de ter a sensação de
congelamento, você sobe e desce ladeira. Começa a sentir um calorzinho por
debaixo de um emaranhado de roupas: camiseta, suéter, cardigã, casaco, jaqueta,
moletom! Nem chegou a preguiçosa hora do almoço e você já começa a despir
algumas peças. Os raios de sol já secaram o sereno das árvores e janelas. A
neblina da espaço para uma linda paisagem de verão (em pleno inverno). Primeiro
se vai o cachecol num gesto bem rápido de desespero, tão logo se vai o casaco.
Quando entra a tarde, a cidade
já mudou de estação. As ruas estão cobertas de pessoas com seus confortáveis
shorts, chinelos, regatas. A touca de lã matinal dá lugar ao boné e aos óculos
escuros. E você, que saiu cedo para trabalhar ou estudar já se arrepende da
bota de cano alto que protegia seus pés do frio. Essa disparidade na
temperatura é refletida nas lojas. Nas vitrines possuem todos os tipos de
estação. Não tem roupa da estação, tem uma jaqueta de couro ao lado de uma
blusinha de alcinha, típica do verão.
Quem nasceu ou se acostumou
com Ouro Preto já conhece suas manhas e artimanhas e assim é muito fácil
reconhecer o turista. Ora ele passa muito frio, ora carrega milhares de
casacos. Isto porque ele é mais enganado pelo tempo que nós, pretensiosos
moradores. No primeiro dia de muito calor o turista desiste de sair todo
empacotado e resolve usar roupas mais leves. Lenços ao invés de um cachecol e
apenas um cardigã para se proteger do vento. Tão bem está ele andando na
cidade, quando o sino toca 17 horas! Um ventinho bem frio começa a descer as
ladeiras e percorrer a cidade. Esse mesmo ventinho se encontra com outros e
quando o último raio de sol vai descansar, ele sente aquele arrepio nas costas.
Daí em diante o frio só tende a piorar.
Mas convencidos somos nós que
acreditamos conhecer os mandes e desmantes do tempo em Ouro Preto. Somos
turistas tanto quanto os turistas e sempre nos surpreendemos com nossas
previsões climáticas. Espertas são as boutiques, que diversificam o paladar da
moda. O ano todo tem cachecol e
regatinha pra vender. Os manequins estão condizentes com a estação, essa
bipolaridade climática. Há quem diga que no inverno somos mais elegantes.
Elegantes ou não, ficamos muito confusos e acabamos por tornar nosso braço
esquerdo o acessório mais importante de todos, pois é ele quem carrega, pra
cima e baixo, nosso fiel e escudeiro casaco.
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