quinta-feira, 15 de agosto de 2013

A Ladeira da Estação

Por Katiusca Alves Demetino, Pamela Moraes e Thaís Moreira

           Uma cidade de calafrios, sejam eles de frio ou de calor. Diversificar o visual em Ouro Preto é regra fundamental no dia a dia. Todos nós que saímos de manhã para executar nossas atividades diárias, nos abrigamos com o máximo de roupa que podemos, aliás estamos no inverno. As janelas escorrem o sereno da madrugada, o ar que sai da boca parece uma fumaça de cigarro. Trememos de frio, de sono, de preguiça. Os acessórios mais necessários são as luvas, as toucas e os cachecóis. Verde, rosa, amarelo, azul, vermelho, cores fortes são fundamentais para absorver calor.
            Depois de ter a sensação de congelamento, você sobe e desce ladeira. Começa a sentir um calorzinho por debaixo de um emaranhado de roupas: camiseta, suéter, cardigã, casaco, jaqueta, moletom! Nem chegou a preguiçosa hora do almoço e você já começa a despir algumas peças. Os raios de sol já secaram o sereno das árvores e janelas. A neblina da espaço para uma linda paisagem de verão (em pleno inverno). Primeiro se vai o cachecol num gesto bem rápido de desespero, tão logo se vai o casaco.
            Quando entra a tarde, a cidade já mudou de estação. As ruas estão cobertas de pessoas com seus confortáveis shorts, chinelos, regatas. A touca de lã matinal dá lugar ao boné e aos óculos escuros. E você, que saiu cedo para trabalhar ou estudar já se arrepende da bota de cano alto que protegia seus pés do frio. Essa disparidade na temperatura é refletida nas lojas. Nas vitrines possuem todos os tipos de estação. Não tem roupa da estação, tem uma jaqueta de couro ao lado de uma blusinha de alcinha, típica do verão.
            Quem nasceu ou se acostumou com Ouro Preto já conhece suas manhas e artimanhas e assim é muito fácil reconhecer o turista. Ora ele passa muito frio, ora carrega milhares de casacos. Isto porque ele é mais enganado pelo tempo que nós, pretensiosos moradores. No primeiro dia de muito calor o turista desiste de sair todo empacotado e resolve usar roupas mais leves. Lenços ao invés de um cachecol e apenas um cardigã para se proteger do vento. Tão bem está ele andando na cidade, quando o sino toca 17 horas! Um ventinho bem frio começa a descer as ladeiras e percorrer a cidade. Esse mesmo ventinho se encontra com outros e quando o último raio de sol vai descansar, ele sente aquele arrepio nas costas. Daí em diante o frio só tende a piorar.
            Mas convencidos somos nós que acreditamos conhecer os mandes e desmantes do tempo em Ouro Preto. Somos turistas tanto quanto os turistas e sempre nos surpreendemos com nossas previsões climáticas. Espertas são as boutiques, que diversificam o paladar da moda.  O ano todo tem cachecol e regatinha pra vender. Os manequins estão condizentes com a estação, essa bipolaridade climática. Há quem diga que no inverno somos mais elegantes. Elegantes ou não, ficamos muito confusos e acabamos por tornar nosso braço esquerdo o acessório mais importante de todos, pois é ele quem carrega, pra cima e baixo, nosso fiel e escudeiro casaco.

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