sexta-feira, 16 de agosto de 2013

“Para ser insubstituível, deve-se sempre ser diferente”


Coco Chanel

por Laíz Diniz e Paloma Ávila



A célebre poltrona em que ela aparece com olhar distante é
seu retrato preferido, e foi fotografado por Horst, em 1937.

Cardigã, jérsei, sapatos sem salto, vestido preto de crepe com mangas justas e compridas, sapatos bicolor, jaquetas, tailleurs, golas marinheiro, saias plissadas, bolsas matelassê com correntes douradas, pérolas e o famoso perfume, Nº5. Estas são a marca registrada do estilo Chanel. Muito a frente de seu tempo, e de si mesma, ela misturou o guarda-roupa masculino com saias mais curtas, em oposição ao rígido estilo feminino de sua epóca. 

Personalidade forte, veraz e impactante. Essas são algumas das características principais da estilista francesa Gabrielle Bonheur Chanel. Nascida em 19 de agosto de 1883, no interior da França, cresceu na vila de Saumur, em uma família pobre. Perdeu a mãe (que era costureira) quando ainda era uma criança e foi criada determinado tempo pelo pai, Albert Chanel, junto com mais quatro irmãos. Após alguns anos, ele a mandou para um pensionato da cidade francesa de Auvergne, onde permaneceu até o fim da adolescência. Insaciada pela vida de cidadezinha pequena, Chanel buscou novos caminhos para depositar sua ambição. Por volta dos 22 anos, trabalhou como balconista em uma loja Moulins, vendendo meias e luvas e aprendendo a manejar uma agulha com perfeição. Mais tarde, virou cantora de um cabaré chamado Café Beuglant de la Rotonde, onde cantava a música “Qui qu’a vu Coco dans le trocadero?”, onde adotou o apelido Coco.

Berço da arte, cultura e contemporaneidade, Chanel espalhou pelo mundo o famoso “Little Black Dress”, o “Pretinho Básico”, no qual é ostentado até os dias de hoje e mulheres de todas as idades investem. Utilizado pela primeira vez em 1926, o modelo foi chamado pela revista Vogue como o “Ford dos vestidos” (uma alusão aos carros da marca americana que eram produzidos e vendidos em larga escala). Supreendendo a alta-costura, Chanel modificou padrões. Anteriormente, a utilização do preto era atribuída ao luto, e logo, se tornou uma cor inédita, considerada a marca do perfil da mulher moderna, capaz não só de demonstrar, mas ser uma profissional e parecer feminina e elegante em qualquer situação.

Chanel afirmava que a roupa deve se
adequar ao corpo, e não ao contrário.
                                           
Chanel utilizava de um tom sutil e detalhista em suas coleções. Ousava, além de tudo na classe e simplicidade do belo, fugindo dos costumes da Belle Epoque e da excessividade de ornamentos. O segredo de seu sucesso era simples: apenas desenhava roupas que gostava de vestir. Seus esboços eram criados em cima do tecido, no corpo da modelo. Isso porque era a roupa que deveria se adequar ao corpo, e não ao contrário, como gostava de dizer.

Durante a Segunda Guerra Mundial, os negócios de moda Chanel estavam em baixa, então Coco resolveu trabalhar como enfermeira. Foi quando conheceu e se envolveu com o oficial nazista Hans Gunther von Dincklage, o que lhe custou o exílio na Suíça. Em 1954 ela retornou a Paris e continuou seus negócios.

Os traços marcantes, masculinos e sofisticados faziam de Chanel
uma mulher elegante, feminista e à frente de sua época.
                                   
Em 1971, Gabrielle Chanel morreu aos 87 anos em seu apartamento Em Paris. Como muitos diziam e ouviam falar, sua vida era marcada por glamour e boatos. Sozinha, no quarto do sofisticado Hotel Ritz, onde viveu por aproximadamente 33 anos, a estilista teria dito a uma camareira que estava presente: “Vê? É assim que se morre. Sozinha, mas sempre chique”. Apesar dos poucos amigos que possuía, Chanel costumava ser muito solitária. 

Sua marca continuou sendo sucesso e delineadora de paradigmas na sociedade. No dia seguinte à sua morte, uma de suas coleções foi lançada alcançando enorme sucesso de crítica e público. Após 10 anos sem o sucesso alcançado por Coco Chanel, Karl Lagerfeld iniciou, em 1983, como estilista da marca. Ele se impõe como herdeiro da Chanel, respeitando seus ensinamentos e códigos. Em 1986, recebeu o dé d'Or, prêmio pela coleção de alta-costura mais criativa do ano. Em 1987 ele criou a relojoaria Chanel na avenida Montaigne. Foi o nascimento do relógio "Première". Em 1993, lançou, em homenagem à Coco, a linha "Chanel Joaillerie". Visionário, eclético e icônico, Karl foi certamente a chave-mestra para a contínua tendência atemporal e sofisticada da marca Coco Chanel.

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