sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Crônica sobre crônica
Por Flávio Costa

Primeiro passo: levar uma caderneta, destas pequenas, não vou precisar de muitas folhas. Talvez uma folha já seja mais que suficiente.
Segundo passo: vou ficar parado em uma rua antiga, quem sabe a Rua Direita. Melhor, vou ficar sentado em um dos bancos do jardim.
Terceiro passo: observar. Vai ser tudo tão óbvio! Os homens estarão vestidos com camisa, bermuda ou calça; mulheres usando vestidos, saias, calças e blusas. Alguns minutos bastarão, e pronto!
- Neste momento percebo que tudo o que havia sido planejado antes não faz mais sentido.
Sol de meio dia. Blusa que devia ser vestida à meia-noite. Paetês dourados. Muitos. À mulher de cabelos avermelhados – tingidos -, não bastava o tom das madeixas. Tinha que usar uma blusa que reluzisse mais que a estrela maior. A calça era preta, de alfaiataria. Mas, o sapato... Ah! Esse descombinava com tudo: com tudo o que ela vestia, com o a cor do cabelo, com os óculos Armani – não sei se originais -, enfim, era melhor andar descalço do que usar aquela coisa nos pés. O par de sapatos não combinava nem com o chão da cidade. Era verde escuro, textura de lodo, musgo, bordado com miçangas azuis e vermelhas. E pensando bem, combinava, sim, com o mofo das paredes em cidades históricas.
- Agora, minha mente não consegue pensar em nada além daquela coisa. Era uma coisa, definitivamente. Se Fernando Pires visse aquilo, teria um infarto, na certa.
Escrever uma crônica sobre moda não é tão fácil quanto parece, quem sabe um dia consiga realizar a tarefa. Antes, vou usar um pouco de colírio e tomar um antiácido porque minha visão ficou turva e meu estômago precisa estar preparado para digerir tanta (des) informação.



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