Crônica sobre crônica
Por Flávio Costa
Primeiro passo:
levar uma caderneta, destas pequenas, não vou precisar de muitas
folhas. Talvez uma folha já seja mais que suficiente.
Segundo passo: vou
ficar parado em uma rua antiga, quem sabe a Rua Direita. Melhor, vou
ficar sentado em um dos bancos do jardim.
Terceiro passo:
observar. Vai ser tudo tão óbvio! Os homens estarão vestidos com
camisa, bermuda ou calça; mulheres usando vestidos, saias, calças e
blusas. Alguns minutos bastarão, e pronto!
- Neste momento
percebo que tudo o que havia sido planejado antes não faz mais
sentido.
Sol de meio dia.
Blusa que devia ser vestida à meia-noite. Paetês dourados. Muitos.
À mulher de cabelos avermelhados – tingidos -, não bastava o tom
das madeixas. Tinha que usar uma blusa que reluzisse mais que a
estrela maior. A calça era preta, de alfaiataria. Mas, o sapato...
Ah! Esse descombinava com tudo: com tudo o que ela vestia, com o a
cor do cabelo, com os óculos Armani – não sei se originais -,
enfim, era melhor andar descalço do que usar aquela coisa nos pés.
O par de sapatos não combinava nem com o chão da cidade. Era verde
escuro, textura de lodo, musgo, bordado com miçangas azuis e
vermelhas. E pensando bem, combinava, sim, com o mofo das paredes em
cidades históricas.
- Agora, minha
mente não consegue pensar em nada além daquela coisa. Era uma
coisa, definitivamente. Se Fernando Pires visse aquilo, teria um
infarto, na certa.
Escrever uma crônica
sobre moda não é tão fácil quanto parece, quem sabe um dia
consiga realizar a tarefa. Antes, vou usar um pouco de colírio e
tomar um antiácido porque minha visão ficou turva e meu estômago
precisa estar preparado para digerir tanta (des) informação.
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