Por Kênia Marcília e
Viviane Ferreira
Em Mariana, para ser mais
detalhista, na estação ferroviária, em um primeiro olhar temos a
impressão de que o tempo não passou, permanece aquele glamour,
romantismo do auge, estrelato das máquinas ferroviárias. Mas daí
sinto uma trombada como se o tempo me cutucasse para que eu olhasse
com mais cuidado, me dizendo: acorda, hoje é meu tempo!
Era um adolescente, com seu
boné de aba reta, bermuda jeans dobrada na barra, tênis colorido (
um alaranjado reluzente), colar de prata caído sobre a cava da gola
v da camisa customizada de uniforme ( acho que uniformes não são
tão cavados assim).
Com um Ipod à mão, conectado
à rede, criamos um embate silencioso, ele parecia querer gritar ao
mundo que estava antenado com a moda, enquanto a única rede que me
interessava era a rede ferroviária. Um adolescente como tantos
outros estudantes (igualmente de bonés de abas retas e camisas
customizadas) que visitavam a estação para conhecer aquela máquina
antiga, “demodé” tão comentada e vista nas aulas de história,
livros e Ipods.
Para os mais nostálgicos,
assim como eu (pois várias vezes me peguei imaginando ao lado de
poetas, escritores com seus ternos de alfaiataria, igualmente
brancos, bengala e chapéus, nos vagões a declarem em versos o amor
proibido pelas filhas de aristocratas), aquilo soava como ofensivo, a
contradição entre os trilhos corroídos e os tênis coloridos feito
em grande escala.
Era destoante do que já foi
símbolo da modernidade e hoje paira obsoleto, esquecido na
antiguidade das lembranças. É o barulho do que clama novamente pelo
“estrelato” e o silêncio do coadjuvante em meio aos tênis
alaranjados reluzentes e na esperança de quem assim como na moda
torna-se novidade e a novidade fica antiga, pois para tantos está na
“moda” é está fora do seu tempo ou além dele, mas tudo isso
com muito glamour.
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