Por: Ana
Elisa Siqueira, Flávio Costa, Jaqueline Mandarino, Maysa Alves
Pesquisa realizada em
Mariana, Minas Gerais, revela que quem consome moda não se importa,
nem entende, de fato, a essência das propostas apresentadas nas
passarelas. Com o intenção de descobrir como os desfiles são
compreendidos por pessoas que estão, de certa forma, “fora do
mundo da moda”. Onze pessoas - entre homens e mulheres, na faixa
etária de 19 a 60 anos - foram indagadas sobe a coleção inverno
2004, Quantas noites não durmo,
do estilista mineiro, Ronaldo Fraga.
Os dados obtidos na
pesquisa revelam que 45% dos entrevistados gostaram do desfile, porém
mais de 60% não usariam as roupas mostradas.
A coleção de Fraga foi
inspirada na década de 30 e 40, na passarela, o estilista remontou
um cenário de boemia. Detalhes na maquiagem e cabelo foram
inspirados em um visual desmontado após uma longa noite sem dormir,
exemplos disso eram os homens com marcas de batom no pescoço e
mulheres despenteadas com maquiagem borrada.
O público em geral
compreende o evento como algo distante da sua realidade. E geralmente
não enxerga detalhes intencionais elaborados pelos estilistas. É
nesse aspecto que o “mundo da moda” se encontra para além do
modismo consumido pelo grande público.
Para Gustavo Abreu, 31,
sócio de uma boutique multimarcas, as roupas não dariam para ser
usadas no dia-a-dia, pois no geral as peças pareciam ser feitas para
festas. Ainda, de acordo com o entrevistado era possível ver
influências de outras épocas retratadas nas roupas. Sobre a boemia
disse ter lhe chamado a atenção a luz vermelha e escura presente em
algumas fotos. A estudante de farmácia Thaís Miranda, 19,
considera que as roupas não são bonitas, e não usaria nenhuma
peça, “parecem roupas antigas”.
A moda, enquanto algo que
envolve processos de criação e estudos, está além da realidade
das pessoas que a consomem. Muitas vezes, o que vai para as ruas é
uma inspiração ou adaptação do que foi apresentado nas
passarelas.
A essência das
criações
Toda coleção conta uma
ou mais histórias, cada peça funciona como fator constituinte
dessas narrativas, como em um quebra-cabeça cujos itens
complementam-se a fim de destacar e dar sentido à trama. Em um
desfile glamouroso e performático as marcas apresentam para o
público e para a mídia, os conceitos e tendências que estarão nas
ruas na estação seguinte. Tendência pode ser um estilo,
cor, estampa ou até mesmo uma padronagem, podemos dizer que é uma
“evolução” da moda que aponta para determinada proposta
estética a cada temporada.
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