sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Crônica: Compra que passa!

 Maysa Alves

Não sei quais ventos me trouxeram até aqui, mas foi bom, porque meu dia não está sendo fácil. Estou sentada em um banco na Praça Gomes Freire, pensando em tudo de ruim que já me aconteceu hoje. Meu pen drive enlouqueceu, tive que formatá-lo e perdi três atividades, a câmera do ICSA não foi reconhecida no computador do André e não pude apresentar as primeiras fotos do ensaio, a falta de concentração para estudar para a prova de Introdução ao Audiovisual, não estou me sentindo a vontade com essa roupa, sem falar na TPM, claro...

Já são quase 18 horas, resolvi dar uma volta no quarteirão, mas parei poucos passos depois da decisão. Meus olhos brilharam ao avistar a vitrine da Lefitá, o manequim era composto por um lindo vestido Antix - corte clássico, fundo lilás e balões em tons de ciano e amarelo – e um cardigan de modal amarelo. Entro na loja na esperança de me sentir com sorte em um dia de azar. Peço o vestido e descubro que não tem meu tamanho. Era mais um sinal de que nada terminaria bem naquele dia.

Decepcionada. Resolvo ir pra casa, mas esqueço de entrar na Rua Direita e sigo pela rua da Praça da Sé. Parei em frente à Malupe e me lembrei de um episódio triste e nostálgico. A saia Dzarm que não comprei na estação passada, por achar que ela não valia o preço que custava (R$220), mas desde então só penso nela, já procurei em vários lugares e nunca encontrei nenhuma que fosse parecida, sempre que vou sair penso “se eu tivesse comprado aquela saia”. A melancolia me fez perceber que eu estava no caminho errado. Voltei e segui na direção certa.

Começo a pensar que comprar seria a única forma de reverter minha má sorte, não é consumismo, é que existem emoções que só o mundo fashion pode proporcionar. Mas em Mariana é tão difícil encontrar alguma coisa que combine comigo e que seja de um preço justo – parece até que eles compram nos shoppings de Belo Horizonte e revendem com 100% de lucro em suas lojas – e agora ainda tinha outro empecilho, o tamanho.

Mais uma vitrine interrompe meus pensamentos e meu retorno para casa, a da Pimenta Casual, uma das lojas mais perfeitas daqui e uma das raras que vendem Melissa. Entrei me sentindo entrar no céu, meus problemas parecem ter ficado do lado de fora. Penso na hora de ir para faculdade, são quase 19 horas, chegarei atrasada. O comércio já começa a fechar, pareço ser a última cliente do dia. Pedi uma Dance Hits 33/34, azul e laranja. A vendedora foi buscar no estoque. Aqueles minutos de espera pareciam eternos.

A última cliente, de fato, entra na loja. A vendedora volta com a triste afirmação “não temos nada no seu número”. Agradeço, por pura educação, e saio. Concluo que hoje, definitivamente, não era meu dia. Até que escuto alguém me gritando. Era a vendedora da Pimenta. A mulher loira que chegou depois de mim tinha ido trocar – milagrosamente – uma Dance Hits 33/34 por uma 36. Meus olhos brilharam, meu coração palpitou, era muita emoção para uma pessoa só.

Com minha “aquisição concluída” sigo em direção ao São Gonçalo, onde eu moro, me sento curada de toda má sorte, eu já não ando, me sinto flutuando sob as ruas marianenses. Começo reparar a beleza do céu e de toda a arquitetura que me rodeia, tudo parece especial, tudo parece conspirar a meu favor e sorrir para mim.

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