sexta-feira, 16 de agosto de 2013

A irreverência de Vivienne Westwood

Marília Ferreira




Ela é irreverente. Desde a época da escola customizava suas roupas e, por isso, não é de se estranhar que Vivienne Westwood está há mais de 40 anos atuando no mercado da moda. A estilista sempre deixa sua opinião e gosto bem claros em seus trabalhos, de forma que suas coleções têm sempre resultados inusitados. Ela é atenta aos acontecimentos do mundo e assim nunca perde sua identidade.
    Vivienne cursou moda por um breve período na Faculdade de Arte de Harrow e ela mesma acreditava não caber no mundo da arte. O casamento com Malcolm McLaren junto à inspiração no rock dos anos 50, levou a estilista britânica a fundar sua primeira loja, inicialmente chamada Let it Rock, que mais tarde tornou-se a conhecida Sex. Vivienne influenciou o visual da banda Sex Pistols, assim ficando conhecida como “estilista punk”. Logo após, suas criações passaram a ser direcionadas ao público marginalizado das periferias de Londres.
    O trabalho de Vivienne sempre chamou atenção pelo seu tom polêmico. Em 1987, fez a primeira coleção masculina, carregada de erotismo. Nos anos seguintes a polêmica ainda prevalecia, como no desfile em que as modelos ficavam com os bumbuns expostos na passarela. A jovem, que não acreditava ser da arte, tornava-se um dos mais importantes ícones do mundo da moda – já esteve entre os seis melhores estilistas do mundo no livro Chic Savages (1989), de John Fairchild.
    Enquanto protestava contra a establishment, a estilista não vivia de ilusões de imagem e beleza. Ela lamentava o caminho que a moda percorria – e percorre - cada vez mais para os desejos de marketing e não a inspiração dos criadores. Nos tempos de hoje, de rapidez e tecnologia, as ideias de Vivienne Westwood de cultivar sua arte no que é bom, e não apenas naquilo que é novo e moderno, seria uma grande forma de protestar os lugares da moda, assim como no filme Prêt-à-Porter, que teve inspiração no seu trabalho.
    O que sempre transpareceu em suas criações é a liberdade de expressão. Vivienne Westwood é inspiração. E foi quase num sem querer que ela se tornou tal referência, a “mãe da moda inglesa” ou a “mãe do punk”, nunca “quis inspirar ninguém”, confessa. Apesar de hoje ela estar aliada cada vez mais ao establishment, ela mesma ainda defende a inovação e liberdade em tempos tão massificados, onde as pessoas mais parecem estar uniformizadas do que vestidas como realmente desejam. "As pessoas estão frustradas com o excesso de consumismo e a falta de valores mais profundos", disse também em defesa aos protestos no Brasil.
   

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